sábado, 25 de julho de 2009

Imprevisto e reflexão na manhã chuvosa



Há alguns dias atrás uma cena marcou profundamente aquela que era para ser apenas mais uma manhã cotidiana. Era bem cedo, antes das sete da manhã, o dia estava cinzento e havia muita neblina. Eu seguia para a auto escola numa via rápida ainda na região onde moro, para mais um capítulo da minha cruzada pela carteira de motorista. Apesar da pouca visibilidade, percebi que que um pouco mais afrente estavam paradas algumas viaturas da polícia e também uma ambulância. Comecei a imaginar o que teria acontecido, o que eu não esperava era logo dar de cara com um corpo já sem vida. Fiquei um tanto impressionado, por um momento tentei imaginar como era a vida daquela pessoa e de seus familiares até aquela trágica manhã. Posteriormente tomei conhecimento de que a vítima era um rapaz, vinte e poucos anos, soube também que ele era morador do meu bairro e tinha saído com pressa de casa, atrasado para o trabalho. Talvez naquele acidente ninguém tenha sido culpado, talvez tenha sido apenas mais uma ironia do destino. Imagina, você sai para trabalhar e não chega à metade do caminho, deixa de beijar sua mãe, esposa ou filhos para acabar atirado no asfalto molhado, reduzido e vulgarizado àquela lona preta, morto, atrapalhando o trânsito e chamando a atenção de curiosos. Você sai para cumprir com seus deveres, quando na verdade, tudo o que você deveria ter feito era ter aproveitado aqueles que seriam os seus últimos minutos.
Vou falar a verdade, na minha opinião a morte não faz sentido algum, mais do que isso, em certas ocasiões morrer chega a ser ridículo! Se você já viveu todos os sucessos e desventuras que lhes eram reservados, tudo bem. Você percorreu o seu caminho, algum dia as coisas teriam de acabar, é assim que funciona. Mas se você é jovem, tem saúde e uma vida estável, é certo admitir tamanha tolice? Me diz, faz sentido morrer sem ter ido às mais loucas festas na companhia de seus amigos prediletos? Tem coerência deixar de viver sem ter tomado o porre do qual você jamais se esqueceria? Ir embora sem ter tirado aquele retrato de formatura ao lado do bando de insanos que te acompanharam por quatro ou cinco anos e que fizeram deste tempo os anos mais felizes de sua vida? Partir sem ter beijado ou ao menos dito àquela garota especial o quanto ela te enlouquecia? Deixar este mundo sem ter lutado e até conquistado a vaga no emprego dos sonhos? Não. Por mais que eu tente não questionar e saiba que não cabe a mim nem mesmo tentar enteder a ordem lógica das coisas acho que nada vai mudar a hostilidade que sinto em relação à morte. Talvez compreender as facetas e os motivos que levam essa dama a interferir de forma tão brusca na vida das pessoas seja algo que transcenda a razão e o espírito humano.

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