quarta-feira, 29 de julho de 2009

E para hoje temos... Paz e decontração!


Hoje, enfim, depois de quase uma semana de chuvas e dias acinzentados, o Sol voltou a dar o ar da graça em Londrina. Não que tenha sido aquele dia lindo, que te inspira a andar de bicicleta ou a caminhar no parque, mesmo assim foi bom poder deixar o guarda-chuva em casa e voltar da rua tendo secas as barras da calça.
É, acho que posso dizer que o Sol também me trouxe alívio, já que o dia anterior fora marcado por uma tremenda desmotivação. Depois de uma conversa, ainda que virtual, com um bom amigo, tomei coragem e tirei do pedestal aqueles recorrentes choramingos. Por mais que eu venha me empenhando em tentar viver um dia após o outro, sem dar grande relevância a pequenos problemas e buscando ser mais flexível que o de costume, nem sempre manter a cabeça fria é tarefa fácil. Mas digo sem receio que, hoje, assim como pôde-se ver no alto um tímido céu azul, me dei conta de alguns sinais que estavam passando despercebidos. Finalmente há indícios de bons tempos a caminho. Sim! Se você, caro e talvez inexistente leitor, fosse como eu, uma pessoa extremamente ansiosa e que está em busca da aguardada CNH desde janeiro, eu disse janeiro, compreenderia perfeitamente que não faço uso de exagero! Em breve acontecem os meus exames finais, eu sei que até lá existem várias possibilidades de oscilações de humor e níveis de nervosismo, no entanto, é confortante saber que logo estarei livre de mais esse fardo.
Logo mais também reiniciam-se as aulas, não que eu esteja com muita saudade, mas confesso que durante essas merecidas férias senti falta de alguns personagens, de toda aquela vida corrida e de alguns pratos do R.U. Pouco a pouco tudo vai retornando ao seu devido lugar. A lição de hoje foi que sempre será possível enxergar as coisas de um ângulo diferente, o desafio para os dias seguintes é lançar isso à práxis, assobiar e chupar cana ao mesmo tempo! Hahaha, valeu a tentativa de comicidade! Não? :D

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Desventuras de uma vida vã


Naquela noite fria e chuvosa Bernardo abriu a janela de seu quarto, como se aquele gesto realmente pudesse o libertar da prisão em que havia se tornado sua vida. A chuva tinha dado trégua, o que fez Bernardo fechar a veneziana e retornar ao calor de sua cama foi a brisa fria, um incômodo vento que parecia lhe penetrar a pele até o mais recôndito do ser. O vento que adentrara o recinto trouxe à mente lembranças de um passado não muito distante, detalhes cheios de significado, feridas mal cuidadas que lhe causavam dor.
Dessa vez ele estava sozinho, já não havia o singelo e acolhedor olhar da mãe idosa, velhinha que mesmo doente não mediu esforços para fazer a última visita ao filho na capital. Amanda, sua primeira e única amada, também já não se fazia presente. Não quisera ser cúmplice daquele lento suicídio, voltou para o interior, lugar do qual jamais deveria ter se afastado. Dentre todos os resquícios de sua antiga vida feliz, o que sem dúvida dilacerava o coração e a consciência de Bernardo era a falta que fazia seu filho. Desde o dia em que a mãe o levou embora consigo os cômodos da residência não passavam de meros espaços sem vida. Já não se ouvia o som dos passos do garoto brincando pelo pequeno apartamento. Não escutava-se risos, nem mesmo aquele choro que esbanjava saúde e energia. Tudo o que o homem encontrava ao sair de seus aposentos era a casa vazia e sem cor, vítima involuntária da morbidez em que havia se transformado sua existência.
Mas ele sabia que suas escolhas passadas o haviam conduzido àquela situação, também tinha conhecimento quanto ao que era necessário para que as coisas começassem a se restabelecer. Mesmo assim, já não restavam forças, Bernardo estava entregue, seu maior arrependimento era ter abandonado a cidadezinha onde havia sido criado. Levado pela esperança de alcançar uma boa formação e um emprego bacana, ele deixou sua velha mãe. Ao lado da então namorada, Bernardo obteve muito sucesso, posteriormente veio o casamento e o nascimento de sua mais preciosa jóia. Fascinado pelo dinheiro e pelo aparente reconhecimento, Bernardo fez da empresa em que trabalhava o seu mundo particular. Saía de casa antes das 9:00 h e só retornava quando esposa e filho já estavam dormindo. Em pouco tempo tudo aquilo se tornou insustentável, Amanda tomou sua decisão, Bernardo também, apesar de agora aquilo lhe causar incomparável dor. Só então ele enxergava o quanto havia sido egoísta, lamentava que as palavras não tivessem volta e que algumas escolhas determinassem de forma irremediável o curso das coisas.
Exausto pelas infindáveis noites sem dormir Bernardo levanta, abre novamente a janela, já está amanhecendo. É hora de enganar seu organismo, fingir que está tudo bem e que sua mente está sã o suficiente para encarar mais um dia na metrópole. Não há justificativa para que ele não quebre de uma vez por todas aquelas correntes invisíveis, aquele ciclo doentio, a não ser a de que ele está cansado de mais para arquitetar um recomeço, esboçar uma reação. Lá se vai outro dia na vida de mais um desafortunado, que heroicamente persiste em suportar o insuportável, esquecer as latentes mas dolorosas chagas, dar sequência àquilo que diariamente lhe rouba a vida.

sábado, 25 de julho de 2009

Imprevisto e reflexão na manhã chuvosa



Há alguns dias atrás uma cena marcou profundamente aquela que era para ser apenas mais uma manhã cotidiana. Era bem cedo, antes das sete da manhã, o dia estava cinzento e havia muita neblina. Eu seguia para a auto escola numa via rápida ainda na região onde moro, para mais um capítulo da minha cruzada pela carteira de motorista. Apesar da pouca visibilidade, percebi que que um pouco mais afrente estavam paradas algumas viaturas da polícia e também uma ambulância. Comecei a imaginar o que teria acontecido, o que eu não esperava era logo dar de cara com um corpo já sem vida. Fiquei um tanto impressionado, por um momento tentei imaginar como era a vida daquela pessoa e de seus familiares até aquela trágica manhã. Posteriormente tomei conhecimento de que a vítima era um rapaz, vinte e poucos anos, soube também que ele era morador do meu bairro e tinha saído com pressa de casa, atrasado para o trabalho. Talvez naquele acidente ninguém tenha sido culpado, talvez tenha sido apenas mais uma ironia do destino. Imagina, você sai para trabalhar e não chega à metade do caminho, deixa de beijar sua mãe, esposa ou filhos para acabar atirado no asfalto molhado, reduzido e vulgarizado àquela lona preta, morto, atrapalhando o trânsito e chamando a atenção de curiosos. Você sai para cumprir com seus deveres, quando na verdade, tudo o que você deveria ter feito era ter aproveitado aqueles que seriam os seus últimos minutos.
Vou falar a verdade, na minha opinião a morte não faz sentido algum, mais do que isso, em certas ocasiões morrer chega a ser ridículo! Se você já viveu todos os sucessos e desventuras que lhes eram reservados, tudo bem. Você percorreu o seu caminho, algum dia as coisas teriam de acabar, é assim que funciona. Mas se você é jovem, tem saúde e uma vida estável, é certo admitir tamanha tolice? Me diz, faz sentido morrer sem ter ido às mais loucas festas na companhia de seus amigos prediletos? Tem coerência deixar de viver sem ter tomado o porre do qual você jamais se esqueceria? Ir embora sem ter tirado aquele retrato de formatura ao lado do bando de insanos que te acompanharam por quatro ou cinco anos e que fizeram deste tempo os anos mais felizes de sua vida? Partir sem ter beijado ou ao menos dito àquela garota especial o quanto ela te enlouquecia? Deixar este mundo sem ter lutado e até conquistado a vaga no emprego dos sonhos? Não. Por mais que eu tente não questionar e saiba que não cabe a mim nem mesmo tentar enteder a ordem lógica das coisas acho que nada vai mudar a hostilidade que sinto em relação à morte. Talvez compreender as facetas e os motivos que levam essa dama a interferir de forma tão brusca na vida das pessoas seja algo que transcenda a razão e o espírito humano.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Reinstalar o sistema?


Há algum tempo meu computador vinha apresentanto problemas, executava e finalizava aplicativos sem nenhum tipo de comando da minha parte, parecia estar sobrecarregado. Nem mesmo os vários antivírus que usei amenizaram essa situação. Eu não queria encaminhá-lo ao técnico, me esforcei ao máximo para evitar uma formatação. Apagar os dados, programas de todos os tipos, minhas canções prediletas, toda aquela infinidade de fotos? Não! Eu não queria uma máquina nova, livre de todos os meus vestígios, minha vontade era sanar os erros do sistema mas conservar as peculiaridades que faziam daquele aparelho o meu computador pessoal.
É, não tive escapatória! No momento, digito essas palavras num editor de textos de um computador completamente novo. Não físicamente, é claro, digo novo porque até mesmo o sistema operacional foi trocado. Segundo o técnico, por um mais moderno, mais eficiente, que dispõe de um ambiente gráfico mais bonito. Aparentemente tudo isso é verdade, mas acho que o meu aval definitivo virá com o tempo. Por sorte existem os backups, assim foi possível reimplantar meus arquivos particulares. Posso parecer antiquado ou demasiadamente apegado a pequenos detalhes, mas o fato é que eu não gosto de mudanças repentinas. O novo realmente pode ser bom, no entanto, penso que seria mais fácil se algumas coisas acontecessem de forma gradativa.
Tudo isso me fez pensar em nós, "máquinas humanas". Já pensou se pudéssemos simplesmente apagar de nosso HD os arquivos defeituosos? Ou isolar os resquícios das más recordações, das mágoas, das experiências malsucedidas, tudo com a mesma facilidade com que os antivírus colocam sob quarentena os aplicativos nocivos? Reinstalar o sistema, recomeçar do zero. Fazer um backup de todos os bons sentimentos, de todas as sensações experimentadas ao lado de pessoas especiais e se desfazer do indesejado, deletar definitivamente tudo aquilo que nos esgota a memória e a capacidade de processamento. Seria no mínimo interessante, para muitas pessoas uma possibilidade tentadora. Como já disse, sou um pouco antiquado, apagar os estigmas que o tempo deixa em nossas vidas seria, ao meu ver, o mesmo que sermos despojados da capacidade cumulativa, algo essencialmente humano. Haveria graça em arriscar, se aventurar, existiria satisfação em viver se tudo o que porventura nos afligisse pudesse ser facilmente descartado? Penso que não, felizmente somos máquinas mais complexas que os computadores. Prefiro manter minha configuração inicial!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Vou levando


Parece que as coisas não estão indo muito bem por aqui. Os últimos dias não me acrescentaram em nada, ao contrário, saquearam parte considerável da minha semi-paz.
É horrível ter a sensação de estar de pés e mão atados, acho que me sinto assim nesse momento. Pensamentos, desejos e frustrações se confundem. Sinto-me cansado e indisposto, como se tivesse percorrido um longo caminho ou carregado grande fardo. Não que tudo esteja completamente fora do lugar ou tomado proporções desorientadoras, no entanto, tenho a estranha sensação de que para reorganizar todas essas coisas vou precisar de tempo e muita paciência. Não sei se disponho disso atualmente. Uma coisa é certa, preciso de uma injeção de ânimo, algo que me tire dessa incômoda estagnação. Já me disseram que bom humor ajuda em quase todas as situações, só que ainda não processei essa informação, ou melhor, não consegui aplicar isso ao meu dia-a-dia. Penso que bom humor implica em uma série de outros fatores, não é simplesmente um instrumento de defesa ou auto-ajuda.
Pelo menos por hoje eu vou ficar na minha, observar à distância, deixar as águas rolarem. Vou tentar compreender e não vou reclamar tanto. Logo retorno à minha rotina e aos personagens que têm feito dela algo suportável e posso até dizer, interessante.

domingo, 19 de julho de 2009

Pretérito ainda presente...


Se eu tivesse a chance de estar contigo pelo menos mais uma vez...

Acho que boa porte dos meus sentimentos seriam diferentes. Ah! Teria tantas palavras a dizer. Lamento por só tê-las agora que já não te tenho por perto. Se eu tivesse a oportunidade desse momento diria a ti como sou grato por tudo o que para mim você representou. Diria que valeu a pena cada momento que passamos juntos. Te abraçaria bem forte e diria o quanto eu te amo e sinto a sua falta.

Você se foi. Com um “até logo” você se despediu, e nunca mais voltou. Sereno, tranquilo, com uma expressão que guardo até hoje em minha memória. Você simplesmente foi. Deixou a realidade que te cercava, sempre tão dura, sempre tão imponente. Abandonou sonhos e planos pela metade, como se já não fizesse sentido lutar por eles, como se eles não se comparassem com a grandeza do que te aguardava.

Tudo sempre estava ótimo para mim, eu era apenas uma criança. Mas de repente tudo mudou. A beleza e a inocência da infância me deixaram. Depois que você partiu nunca mais fui o mesmo. Você era o meu modelo, você era a minha segurança, você era o meu referencial. Me senti tão perdido quando me vi sem você.

Mas nada disso importa mais. Tudo o que um dia fomos um para o outro continua imutável, guardado em algum lugar entro de mim. O tempo passa, nos acostumamos com situações. Hoje, permanece em minha memória a nossa última conversa, o seu último sorriso. Você adorava me fazer rir, sempre cedia aos meus caprichos com um brilho magnífico no olhar. A sua gargalhada me deixava curioso. Por que sua barriga chacoalhava tanto quando ria? Lembra da luta que era pra arrancar os meus dentes quando eles começavam a amolecer? Você sempre me fazia sentir tão seguro, dizia que não iria doer, que aquilo era necessário para que nascessem dentes mais bonitos e saudáveis.

Como o tempo passa, não é? E ainda assim você visita os meus sonhos de vez em quando. Como se quisesse demonstrar que mesmo distante ainda pensa em mim. Mudei tanto desde a última vez que nos vimos. Ah! Você estaria orgulhoso de mim. Já faz algum tempo que você me matriculou na escolinha municipal lá perto de casa, de lá para cá tive de seguir sem a sua atenção, sem o seu incentivo, mas as coisas se encaminharam. Ingressei numa boa universidade, num curso bacana. A sua paixão por fotografia me ajudaria muito nas aulas de fotojornalismo. Você nem imagina o quanto aquelas câmeras antiquadas me remetem à sua maneira, aos seus gostos, a tudo aquilo que de você ainda resta em mim. Sabe, estou cada dia mais parecido contigo. A mãe diz que até o meu mau humor é parecido com o seu.

Um dia terei minha própria família, e pode ter certeza de que eu vou me esforçar para ser aos meus filhos pelo menos um pouco do que você foi para mim. Direi a eles que o pequeno espaço de tempo em que nossas vidas estiveram cruzadas me fez enxergar o mundo de uma forma diferente. As histerias e as preocupações em relação ao material são tão medíocres, tão dispensáveis em comparação ao sentimental, ao metafísico. Tão irrelevantes quando se trata de pessoas. Ainda mais pessoas que descobrimos ser fundamentais em nossa vida só depois que já não as temos por perto.

Hoje lembrei de você, senti uma vontade gritante de te dizer um sem número de coisas. Mas sei que em algum lugar do futuro isso será possível. Lá ficaremos juntos e tudo será perfeito. Vai ser como você sempre me ensinou: “Tudo vai ficar bem. Papai do céu toma conta de tudo, não se preocupe!”